Textos

Aspectos Naturais

Ambiente
Ilha do Mel

O litoral paranaense configura-se hoje como um área prioritária para a conservação. A região compreende um mosaico de unidades ambientais, representadas principalmente pela existência de fragmentos significativos da Floresta Tropical Atlântica relativamente bem preservados e ocorrência de grandes áreas cobertas por manguezais.

A região constitui-se numa das áreas menos impactadas da costa sudeste-sul do Brasil, em função de que o seu desenvolvimento não acompanhou a ocupação e os impactos observados em outras regiões do Pais. Entretanto, é uma região que enfrenta diversos conflitos de usos dos recursos naturais. A continuidade desta condição de preservação está garantida através uma rede de Unidades de Conservação (UC) federais e estaduais. O seu estado de conservação também levou a UNESCO a considerá-la como Reserva da Biosfera, devido a sua importância ecológica para o Atlântico Sul.


Geografia
Ilha do Mel

O litoral paranaense é uma região costeira e como tal, é um local de elevada troca de energia e matéria, em equilíbrio dinâmico e que sofre alterações no tempo e no espaço. Sua formação está associada ao processo da deriva continental à aproximadamente 150 milhões de anos atrás.

Apresenta uma linha de costa de aproximadamente 100 km, limitando-se ao norte com o Estado de São Paulo na barra do Ararapira (25º12´44"S-48º01´15"W), a leste com o Oceano Atlântico, ao Sul com o Estado de Santa Catarina na barra do Rio Saí-Guaçu (25º58´38"S-48º35´26"W) e a Oeste com a região metropolitana de Curitiba. Com mais de 6.900 km2 de área, a região compreende a vertente da Serra do Mar voltada para o Oceano Atlântico e a Planície Litorânea. A etas duas áreas acrescentar uma terceira porção ao litoral, que pa a Plataforma contnental que se extende até 50 metros de profundidade.


Clima
Ilha do Mel

O clima da região sofre influência do Anti-Ciclone do Atlântico Sul e das massas de ar frio originárias na região antártica no inverno. A principal perturbação são as frentes frias de direção SW-NE originadas a sudeste da América do Sul, que são bloqueadas pela Serra do Mar, fazendo com que essas frentes permanecem sobre a região vários dias. No verão são intensificados os Anti-Ciclones secundários produzindo frentes quentes.

Os ventos predominantes são de nordeste, com uma velocidade média de 4m/s, enquanto as tempestades de sudeste podem atingir ventos de 25km/s (Funpar , 1997 apud Lana, 2001).

Na região o clima se caracteriza por ser chuvoso, tropical sempre úmido, sendo classificado como Af(t) na Planície Litorânea - temperatura média de 21,1ºC, e Cfa na Serra do Mar – temperatura média de 14ºC. No inverno, as temperaturas podem se aproximar de zero no alto das montanhas e no verão, ultrapassam 35ºC ao nível do mar (Paraná, 2002).

A precipitação média anual é de 2,500 mm e a umidade relativa do ar está em torno de 85%. A estação mais chuvosa é o verão, com as maiores precipitações em 24 horas, em torno de 100m, podendo atingir máximos de aproximadamente 400 mm (Angulo, 1992).


Bacias Hidrográficas
Ilha do Mel

No litoral paranaense estão presentes quatro bacias hidrográficas ou de drenagem (Figura 6); uma drenando para o Complexo Estuarino de Paranaguá; uma para o Estuário de Guaratuba, e duas que deságuam diretamente no mar, a do rio Saí-Guaçu, ao sul, no limite com o Estado de Santa Catarina, e a do Mar de Ararapira, ao norte, na divisa com o Estado de São Paulo (ANGULO, 1992).

A vazão destas bacias é regular e é regida por fatores como o clima, a orografia e a cobertura vegetal. Os cursos d’água que têm suas nascentes nas encostas da serra do Mar, possuem seus trechos superiores bem definidos pelas estruturas cristalinas das rochas e águas limpas e enérgicas. Ao alcançarem a planície, esses rios, bem como aqueles que nascem na planície, tornam-se meandrantes, apresentando águas mais turvas, especialmente pela presença de matéria orgânica (BIGARELLA, 1978).

Entre os rios do litoral, destaca-se o Nhundiaquara, em Morretes, o Rio Cachoeira, em Antonina, Na planície destaca-se o rio Guaraguaçu, fazendo a divisa entre Pontal do Paraná e Paranaguá.


Serra do Mar
Ilha do Mel

A Serra do Mar constitui um sistema montanhoso que estende-se desde o Espírito Santo até o Norte do Rio Grande do Sul. Desenvolve-se paralelamente à linha de costa, ora afastando-se desta, ora aproximando-se, chegando, em algumas regiões, a manter contato com as águas oceânicas. No Paraná, a Serra do Mar forma uma zona limítrofe entre o planalto meridional de Curitiba e a planície litorânea, constituída por serras marginais descontínuas, formadas por erosão diferencial, que se elevam cerca de 500 a 1.000m acima do planalto.

É dividida em diversos maciços de blocos altos e baixos, os quais tem denominações regionais especiais de serras. Dentre estas, destacam-se a Serra de Ibitiraquire onde ocorrem as maiores elevações do estado, sendo o ponto culminante o Pico Paraná com 1.877m, e a Serra do Marumbi, cujo cume alto é o Pico Olimpo com 1539 m.

O relevo é bastante acidentado, com vales profundos, estreitos e vertentes rochosas muito íngremes, variando entre 25º a 45º, conferindo à drenagem subseqüente um padrão retangular, às vezes, angular. Os blocos graníticos formam espigões alongados, salientes à topografia, orientados principalmente na direção NE-SW, exibindo um fraturamento característico.


Planície Litorânea
Ilha do Mel

A planície litorânea estende-se desde o sopé da serra do mar até o oceano atlântico, apresentando um comprimento de aproximadamente 90 km e uma largura máxima de 55 km, possuindo uma área aproximada de 6.600 km2. Está recortada pelas baías de Paranaguá e Guaratuba.

A formação desta planície foi comandada pelas variações do nível do mar (transgressão e regressão) e pelas mudanças climáticas durante o pleistoceno (1.000.000 de anos). As oscilações do nível do mar deixaram marcas profundas nas usa configuração. Durante os períodos de baixa mar, grande parte da planície ficava emersa, sendo sulcada pelos rios com suas nascentes na Serra do mar. Nos períodos de alto mar, os vales eram alagados formando baías e lagunas. Após o término de uma transgressão marinha, quando o mar começava a descer novamente, iam sendo depositados junto a linha de costa, pela ação da corrente de deriva, cordões arenosos dando origem a uma extensa planície de restinga. O alinhamento desses "cordões litorâneos", correspondem as cristas altas das praias que foram sucessivamente sendo abandonadas no decorrer do recuo da linha de costa.


Marés
Ilha do Mel

Marés são mudanças periódicas de curta duração na altura da superfície oceânica em um determinado lugar, causado pela combinação da força gravitacional da Lua, do Sol e do movimento da Terra. Com um comprimento de onda que pode equivaler à metade da circunferência da Terra, as marés são as mais longas das ondas. Diferente de outros tipos de ondas, essa enorme onda de águas rasas nunca está livres das forças que a origina, agindo de maneira incomum, mas previsível.

A cerca de 300 a.c., os navegadores gregos e o astrônomo Pytheas foram os primeiros a identificarem a conexão entre a posição da Lua com a altura da maré, mas o conhecimento completo das marés teve de esperar pelas análises da gravidade de Isaac Newton. Sabe-se então que a principal causa das marés é a gravidade da Lua atuando sobre o oceano.


Ondas
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As ondas são formadas pela transferência da energia dos ventos para a água pela fricção. Mas não é só os ventos que formam ondas. Fatores como abalos sísmicos submarinos, responsáveis pelos Tsunamis, e a ação das correntes de maré, também forma ondas.

A energia que é absorvida pela água então se propaga na direção da força geradora, da mesma forma quando esticamos uma corda e damos um chacoalhão, criando uma ondulação que vai até o outro lado, mas sem deslocar a corda do lugar. Portanto, uma onda no mar não transporta água, apenas passa por ela. Ao passar uma onda, objetos flutuantes na superfície do mar deslocam-se para cima e para baixo em movimento circular. Isso ocorre por que as partículas de água movem-se também em órbitas circulares, que diminuem de diâmetro com a profundidade.

A medida em que as ondas se aproximam de regiões mais rasas, a base da onda passa a sofre a interferência do fundo pelo atrito. Isso faz com que a base perca a velocidade em relação à crista até o ponto em que a crista arrebenta. É somente a partir desse momento, da quebra da onda, que ela efetivamente transporta matéria, ou seja, antes disso somente energia é transportada. É por este motivo que os surfistas só conseguem surfar a onda quando ela começa a quebrar.


Estuários
Ilha do Mel

Os estuários são corpos de água costeiros, semifechados, de baixa energia, que têm uma conexão livre com o mar aberto; são assim fortemente influenciado pela ação das marés e no seu interior a água do mar é misturada com a água doce proveniente da drenagem continental, produzindo um gradiente da salinidade.

A planície costeira tem sua morfologia profundamente recortadas pelos Complexo Estuarino de Paranaguá e o Estuário de Guaratuba, os quais originam um extenso litoral de costas protegidas, caracterizado pela existência de planícies de maré, cobertas principalmente por vegetação de mangue, sendo que, em alguns locais, ocorrem costões rochosos e pequenas praias.

Nos estuários estão presentes ecossistemas de grande importância para a costa, servindo de áreas de refúgio, alimentação e reprodução de um grande número de espécies, algumas delas de interesse comercial. Entretanto, por estarem conectados às bacias de drenagem, acabam sendo receptores de diversos tipos de efluentes, agrotóxicos e sedimentos, seja diretamente, seja através dos rios que neles deságuam.

Também são importantes como vias aquaviárias para o transporte de mercadorias e pessoas entre as comunidades, bem como para o lazer náutico de vela e motor.


Complexo Estuarino de Parnaguá
Ilha do Mel

A Baia de Paranaguá está inserida ao norte da planície litorânea do estado do Paraná, possuindo uma superfície liquida e 601 km2. É um ambiente típico de ingressão marinha, formada pelo afogamento dos vales fluviais, a cerca de 5.600 anos atrás.

Geograficamente é considerada uma baía, e oceanograficamente, um estuário. Nela deságuam inúmeros rios, formando estuários menores, por isso considerada um complexo. Está dividida então em: Baía de Antonina e Baía de Paranaguá propriamente dita no eixo leste-oeste, e Baías das Laranjeiras, de Guaraqueçaba e Pinheiros, no eixo norte-sul. Também são encontradas algumas enseadas como as do Benito, Itaquí e Medeiros.

No CEP estão presentes muitas ilhas, e entre elas destacam-se as Ilhas do Mel, um dos principais centros de visitação do estado, Superaguí e da Cotinga, locais por onde se deu o início a colonização do Paraná.

O CEP faz parte do Complexo-Estuarino Lagunar Paraguá-Cananéia-Iguape, considerado o 3º maior estuário do mundo em termos de produção primária. Junto com a Serra do Mar, esta região foi tombada pela Unesco em 1995, como Patrimônio da Humanidade, pois abriga os últimos remanescentes da Floresta Tropical Pluvial Atlântica do Brasil, mas Conhecida como Mata Atlântica.


Tipos de Costa
Ilha do Mel

A costa paranaense está naturalmente dividida pelas desembocaduras dos dois estuários em três setores: norte, intermediário e sul. O setor norte estende-se desde a barra de Ararapira até a barra Norte/Ilha do Mel. O setor intermediário compreende desde a barra do Canal da Galheta até a Barra da baia de Guaratuba, e o setor sul, desde a barra de Guaratuba até a foz do Rio Saí (PARANÁ, 2006).

Pela sua extensão, é considerada a segunda menor costa brasileira mas, quando são considerados os recortes feitos pelos estuários na Planície Litorânea, atinge-se cerca de 1.483 km de costa, banhadas pela água do mar e das baías.

Nesta interface, estão presentes costas classificadas como estuarinas, oceânicas, e aquelas com influência das desembocaduras das baías. São geologicamente distintas, onde aparecem costas rochosas e sedimentares, estas subdivididas em praias e planícies de marés (Angulo e Araújo, 1996).


Praia
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A praia é uma acumulação de sedimentos depositados pelas ondas, geralmente areia, mas também seixos e matacões, distribuídos desde o limite superior do lavado da onda, estendendo-se através da zona de arrebentação até a profundidade onde as ondas médias podem movimentar sedimento à terra.

Possui uma grande quantidade de organismos que passam desapercebidos da maioria das pessoas, devido ao fato de seus componentes encontrarem-se tipicamente ocultos na areia ou expostos apenas durante os períodos de baixa-mar. Representantes da maioria dos grupos de animais marinhos e alguns grupos de animais terrestres, podem aí ser encontrados. As plantas macroscópicas estão praticamente ausentes, sendo os vegetais representados por diversos grupos de algas microscópicas.

As diferenças periódicas de amplitude entre as marés determinam nas praias três faixas distintas: uma superior (supra-litoral), constantemente umedecida por borrifos, mas apenas coberta pelo mar por ocasião de marés altas excepcionais, ressacas ou tempestades; uma faixa intermediária (médio-litoral), sempre coberta e descoberta pelas marés duas vezes por dia; e uma faixa inferior (infra-litoral), quase sempre submersa, eventualmente exposta durante as marés baixas de sizígia. Nestas 3 faixas, os organismos marinhos distribuem-se em função da sua capacidade de evitar a exposição ao ar e, consequentemente, a perda de água por evaporação.


Costão Rochoso
Ilha do Mel

Os costões rochosos são encontrados na costa ou em ilhas, constituídos por rochas de diferentes tamanhos. Estes substratos estáveis oferecem uma superfície segura sobre a qual podem crescer diversos organismos como esponjas, anêmonas, mexilhões, crustáceos e macroalgas. As rochas fornecem uma grande variedade de microambientes, com partes expostas e protegidas, em uma arquitetura complexa formada por poças, fendas, saliências, pequenas cavidades e grandes grutas. Cada um destes microambientes oferecem uma possibilidade de ocupação com diferentes requerimentos ambientais. As comunidades dos costões favorecem também, a proliferação de uma diversificada fauna nectônica, constituída principalmente por peixes, que encontram alimentação e refúgio entre as rochas.

Uma das principais características de qualquer costão no mundo, quando observados na maré baixa, é a predominância horizontal de bandas ou zonas de organismos. Esta distribuição – ZONAÇÃO – pode ser explicada através de interações, conjuntas e separadas, de fatores físicos (exposição, declividade, dissecação, temperatura ou luminosidade) atuando principalmente na porção superior do costão, e biológicos (competição, predação, fixação larval ou herbivoria), atuando na porção submersa.

A zonação do costão rochosos está caracterizada pelo estabelecimento de zonas com base no limite de distribuição de certos grupos comuns de organismos e não com base na maré. Na região do supra litoral até onde os borrifos das ondas alcançam, encontra-se o predomínio do gastrópoda Litorinna. A região do médio litoral é caracterizada principalmente pela presença de cracas e mexilhões. A região do infralitoral pode ser caracterizada pela presença de ouriços e estrelas.


Plataforma Continental Rasa
Ilha do Mel

A plataforma continental interna do estado, se caracteriza por ser dominada por sedimentos arenosos e areno-lodosos, com algumas pequenas lajes submersas e fundos consolidados que ocorrem dentro dos setores estuarinos. Os substratos consolidados estão restritos às poucas ilhas estuarinas rodeadas por costões rochosos, encontrados nas Ilhas das Palmas, Ilha do Mel, Ilha da Galheta, em morros de Caiobá e Guaratuba e nas ilhas costeiras de Figueiras, ao norte, e Currais e Itacolomis ao sul. Essa variedade sedimentológica oferece uma possibilidade de uma grande quantidade de habitas marinhos.

Os costões rochosos e outros habitats consolidados, naturais e artificiais, são importantes do ponto de vista ecológico e socioeconômico porque concentram alta diversidade especifica e biomassa de recursos de interesse humano.

Além da sua importância ecológica para a região, as Ilhas de Figueira, Currais e Itacolomis, se constituem em um atrativo turístico com alto valor paisagístico, muito procuradas durante o ano todo, sendo a pesca e o mergulho esportivo as atividades mais freqüentes.


Dunas
Ilha do Mel

A areia do litoral é constantemente retrabalhada pela ação das marés, sendo posteriormente carregadas pelo vento até ser acumulada nas primeiras linhas de vegetação da beira da praia, formando cordões de dunas. Essas acumulações podem assumir formas linguóides ou dômicas, podendo ser formadas em curto período de tempo. Sua função é a de proteção das terras continentais, reservatórios naturais de água e de recursos bióticos, além do interesse científico bem como de recreação.

Na praia não há o crescimento de vegetação devido a salinidade, pobreza e grande permeabilidade do solo, intensa insolação e a ação dos ventos. A vegetação só se desenvolve em áreas não mais atingidas pela preamar de sizígia.

Nestes locais a vegetação é composta de plantas rasteiras psamo-halófitas (psamos = habitat arenosos; halos = habitat salino), com o papel de promover a deposição e a fixação da areia trazida pelo vento. É muito difícil a areia escapar da armadilha formada pela vegetação. Assim, a maior parte da areia retirada da praia, fica retida no primeiro cordão dunar. Os cordões se formam paralelos a linha de praia e seu crescimento diminui ou cessa com o recuo da linha de costa e a formação de novo cordão. As dunas mais antigas e interiores (cordão litorâneo) vão sendo colonizadas por populações de arbustos e pequenas árvores de 3 a 4 metros, oriundas da floresta de restinga, que se estabelece no terreno preparada pela vegetação das dunas interiores.

O ambiente das dunas também oferece proteção e alimentação a vários animais, como a coruja buraqueira e a batuíra de coleira. Nas depressões entre cordões próximas a praia, é comum encontrar-se pequenos peixes represados nas poças, que adentraram aí pela ação das grandes marés, como o barrigudinho e juvenis de tainhas. Estes por suas vez, servem de alimento para as garças.


Restinga
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O termo restinga é utilizado por geólogos, botânicos e ecólogos, para indicar as características geomorfológicas e fitogeográficas das regiões costeiras, formadas pela sedimentação recente de areia e da vegetação que nele se estabelece. Essa região foi formada pelo retrabalhamento dos sedimentos durante o período em que o mar recuava, formando sucessivos cordões litorâneos. Os solos da restinga são de baixa fertilidade natural, facilmente degradáveis e com um horizonte subsuperficial impermeável, que origina problemas de encharcamento.

A vegetação que aí se instala é considerada uma formação pioneira com influência marinha, caracterizando-se por ser arbustiva densa, de largura variável e de aspecto subxeromórfico (xeros = arenoso, seco; morphos = forma), apresentando os caules com muitas ramificações e densa folhagem, que adaptaram-se ao vento e a grande intensidade luminosa, desenvolvendo uma forma característica.

Nas porções elevadas dos cordões, onde a profundidade do lençol freático é maior, e consequentemente menos disponibilidade de água, encontra-se uma vegetação pouco desenvolvida, com altura variando entre 7 e 9m, chamada de floresta de restinga seca ou arenosa. Nas depressões entre cordões ocorre uma vegetação mais desenvolvida, em função da maior proximidade com o lençol freático, apresentando árvores de 10 a 15 metros, denominada de floresta de restinga úmida ou paludosa.


Manguezal
Ilha do Mel

O manguezal é um a floresta tropical que tem com característica principal, crescer em regiões costeiras protegidas (baías e desembocaduras de rios) sofrendo forte influência das marés e, consequentemente, da água salgada. As espécies que nele vivem são adaptadas a esta condição. No Brasil se distribui desde o cabo Orange no Amapá, até Laguna em Santa Catarina, cobrindo uma área de cerca de 10.000 km².

Este ecossistema é caracterizado por apresentar uma cobertura vegetal típica altamente especializada, que na região está constituída por apenas 3 espécies de árvores: mangue vermelho ou canapuva; mangue branco ou mangue manso; e mangue preto ou siriuba. São acompanhadas por um pequeno número de outras plantas, tais como o hibisco, a samambaia do mangue e a gramínea pratuá.

Vários organismos se reproduzem no manguezal, vivendo ali todo o seu ciclo de vida ou passando seu estágio de jovem, sob a proteção das raízes das árvores ou em pequenas poças formadas sobre o substrato, se alimentando de detritos e microorganismos do bentos. Áreas de manguezal são representativas pela elevada produtividade biológica, uma vez que, pela natureza de seus componentes, são encontrados representantes de todos os elos da cadeia alimentar.

Devido as suas condições especiais com relação ao equilíbrio ecológico, esse ambiente é extremamente vulnerável, e determinados tipos de alterações podem destruí-los irreversivelmente. Por isso é um ecossistema permanentemente protegido por lei federal.


Floresta Ombrófila Densa
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O Estado do Paraná foi originalmente coberto por Floresta Atlântica em cerca de 83% do seu território, sendo o restante 17% de formações campestres (campos limpos e campos cerrados), restingas litorâneas, manguezais e várzeas. Atualmente, a cobertura florestal natural do Paraná é de cerca de 18%, sendo que, aproximadamente, 10% com florestas bem conservadas.

A Floresta Atlântica paranaense apresenta três formações fitogeográficas características: a Floresta Estacional Sub-decidual, ocupando a porção oeste, onde o principal remanescente é o Parque Nacional do Iguaçu; a Floresta Ombrófila Mista ou Floresta de Araucária, ocupando a região central do estado, representada por fragmentos que totalizam uma área remanescente de 24%; e a Floresta Ombrófila Densa e ecossistemas associados, ocorrendo na porção leste, cobrindo a Serra do Mar e a Planície Litorânea.

A Floresta Ombrófila Densa se destaca entre as formações vegetacionais pelo seu estado de conservação, sendo, atualmente, a maior porção contínua de floresta do Estado, representada por formações primitivas remanescentes e por diferentes estágios de sucessão secundária. Estima-se que abrigue mais de 2.500 espécies vegetais, além de diversos animais ameaçados de extinção, tais como a onça pintada, a anta e aves como o gavião pega macaco, a jacutinga e o macuco.

Segundo o sistema de Classificação Fisionômico-Ecológico da Vegetação Brasileira, elaborado pelo Projeto Radambrasil, a vegetação que cobre o litoral paranaense, divide-se em Floresta Ombrófila Densa, formações pioneiras e os refúgios ecológicos alto-montano.


Conservação
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A integridade natural do litoral do Paraná, tornou a área prioritária para a conservação da biodiversidade, em função do seu mosaico de unidades ambientais, representado principalmente pela existência de fragmentos significativos da Floresta Atlântica bem preservados e a ocorrência de grandes áreas coberta de manguezais.

Essa condição de conservação só foi atingida em função das características físicas dos solos e a declividade acentuada da serra, que limitaram o uso intensivo e contínuo dos recursos naturais, levando à região a ficar a margem do modelo de desenvolvimento adotado nas últimas décadas, onde o padrão de ocupação do território e o conseqüente estabelecimento de grandes contingentes populacionais e atividade industrial se estabeleceram nas regiões dos planaltos. Outra característica importante neste contexto é o fato de que a BR 101 não cruza o litoral paranaense. Embora seu traçado esteja estabelecido, sua construção foi impedida por movimentos ambientalistas na década de 80. Atualmente, a BR 101 interrompe o seu traçado em São Paulo, se unindo a BR 116 para contornar o litoral paranaense, e para depois voltar à beira do mar, a partir de Santa Catarina.

A preocupação com a manutenção deste estado de conservação, estimulou a criação de várias UCs, principalmente na década de 80, constituindo uma extensa rede de conservação, que cobre cerca de 83% da área do Litoral . Na porção norte, principalmente, encontra-se a maior área contínua preservada da Floresta Atlântica brasileira, com altos índices de biodiversidade e endemismos, alem de várias espécies ameaçadas de extinção. A importância da região foi reconhecida internacionalmente quando, no ano de 1991, a UNESCO anunciou a criação da primeira Reserva da Biosfera em território brasileiro - a Reserva da Biosfera Vale do Ribeira-Serra da Graciosa, incluindo praticamente toda a área da Floresta Atlântica no Brasil. Em 1999, a UNESCO declara a região do litoral paranaense Patrimônio Mundial da Natureza.

O programa de Avaliação das Áreas Prioritárias para a Zona Costeira e Marinha (2002), considerou a região costeira paranaense como área da categoria de extrema importância.

Neste contexto, se destaca o arquipélago de Currais, importante sítio de nidificação de Sula leucogaster e Fregata magnificens, onde desde 2002, há o interesse em transformá-lo em um Parque Nacional Marinho, pelo projeto de lei Federal nº. 7032/02, de 27 de novembro de 2002.


Aspectos Socioculturais

Desbravadores
Ilha do Mel

Os primeiros habitantes do litoral do Paraná foram os homens que construiram os sambaquis, chamados de sambaquianos, homens do sambaqui ou sambaquibas. Eles ocuparam a região por mais de 4,5 mil a partir de 6,500 anos antes do presente. Sobreviviam da pesca, da caça e da coleta dos frutos do mar e da terra.

Tinham como hábito depositar seus "restos" sempre no mesmo local formando enormes montanhas, chamadas de sambaquis. As pesquisas demonstram que eles utilizavam os sambaquis para fazer aterros, como mirantes e também para sepultamentos. Alguns sambaquis foram erguidos para serem apenas monumentos mortuários, e pode-se perceber que havia um cuidado com o morto. O corpo não era simplesmente largado, pois há evidências de rituas. Nas sepulturas são encotrados diversos artefatos pessoais e de trabalho, como colares de ossos e machados.

A partir de 1,5 mil anos para cá, os sambaquianos foram substituídos por outras culturas vindas do planalto, como so Xoklengs, Caigangs e Tupis-guaranis. Eram povos mais evoluídos pois já conheciam a agricultura e a cerâmica. Entretanto, não utilizaram os sambaquis da mesma maneira. Apenas aproveitaram a qualidade do solo no entorno para fazer suas roças. Permaneceram na região até o momento da colonização.


Colonizadores
Ilha do Mel

Já a partir de 1523 há informes de expedições de colonizadores portugueses partindo de Cananéia em direção à Baía de Paranaguá, atrás de ouro e do aprisionamento dos nativos. Quando o viajante e etnógrafo alemão Hans Stadem chegou à região, em 1554, em virtude do naufrágio do navio que conduzia a expedição do espanhol Dom Diogo de Senabria, já encontrou por aqui colonos portugueses.

A primeira sesmaria do litoral é datada de 1614. A cidade de Paranaguá foi fundada em 1648 e Antonina já se achava povoada em 1772. Com o aumento da população dessas comunidades, iniciou-se a produção agrícola e a fabricação de utensílios para atender os que ali passavam e se abasteciam, formando-se intenso comércio entre o litoral e o planalto. Existem registros de engenhos de mandioca, arroz, erva-mate, fábricas de aguardente, estaleiros, fornos de caieiras, além de grandes lavouras de arroz, café, banana e mandioca, entre outras.


Populações Tradicionais
Ilha do Mel

As populações tradicionais do litoral do Paraná, são compostas, basicamente, de pescadores artesanais e agricultores familiares, mais concentrados no litoral norte.

Sua origem está na mescla étnico-cultural de indígenas e colonizadores portugueses e, em menor grau, de escravos africanos. Essa população ocupa uma área entre a costa do rio de Janeiro até o Norte de Santa Catarina, sendo consideradas por Antônio Carlos Diegues pertencentes às comunidades caiçaras. Essas comunidades se caracterizam, basicamente, pela produção para a subsistência familiar, conjugando a atividade agrícola com a extrativista e a pesca.

A pesca é uma atividade produtiva significativa no litoral do Paraná, pelo menos no plano social. É praticada em mais de 60 comunidades pesqueiras (incluindo bairros urbanos, em todos os municípios, à exceção de Morretes), podendo envolver algo em torno de 13 mil pessoas.

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