A Ilha do Mel localiza-se na entrada da Baía de Paranaguá, na região central do litoral paranaense. Encontra-se vinculada ao Município de Paranaguá, estando sua jurisdição e proteção a encargo do Instituto Água e Terra (IAT). A administração é feita por um conselho gestor composto por representantes dos Governos Estadual e Municipal, do Batalhão da Polícia Militar-Força Verde e de diversas associações comunitárias.
Com uma área de 2.762 ha, 93% do seu território estão cobertos por uma Estação Ecológica e um Parque Estadual.
A Ilha do Mel é uma ilha relativamente nova. Isto está relacionado às alterações do nível relativo do mar que acontecem ao longo da história geológica da Terra. A 120 mil anos atrás, o nível do mar estava 8 metros acima do atual devido ao período interglacial e o que existia era um arquipélago formado pelos atuais morros. Entre 21 mil e 18 mil anos atrás, o nível relativo do mar recuou cerca de 130 metros devído a uma glaciação. Neste período a planície litorânea paranaense e a Ilha do Mel estavam totalmente expostas.
Há cerca de 5.100 anos antes do presente, o nível estava 3,5 a 5 metros acima do atual devido ao útimo período interglacial. Os morros da ilhas voltaram a formar um arquipélago. A partir de então, o nível relativo do mar voltou a recuar e paulatinamente foi sendo depositado areia entre os morros dando a atual configuração da Ilha.
O estado de conservação da Ilha do Mel é ainda muito bom. Já em 1975, a Ilha foi tombada pelo Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Paraná, como patrimônio arqueológico, etnográfico e paisagístico. Em 1981 foi elaborado o primeiro plano de manejo, no qual se estabeleceu um zoneamento para áreas de ocupação e de preservação. Da área total da Ilha, 2.586,48 ha (93.71%) são destinados à preservação, onde encontra-se a Estação Ecológica e as Áreas de Proteção Permanentes como dunas, manguezais, restingas e morros. A Ilha também integra a Reserva da Biosfera.
Este estado de conservação da Ilha, junto aos outros atrativos e a melhora da infraestrutura turística na década de 90, foi rapidamente divulgado pela mídia e agências de viagens, promovendo um grande fluxo de pessoas, chegando a ser, em certos momentos, desorganizado. Isto estimula um processo de degradação do ambiente, com invasões a áreas protegidas, problemas com a produção excessiva de lixo e o destino dos efluentes domésticos, conflitos com a comunidade nativa, a perturbação da fauna e flora e a quebra da tranquilidade do local. Esses problemas acabam por depreciar as características ambientais naturais da Ilha, acarretando consequentemente, em uma diminuição na procura por parte dos visitantes, trazendo grandes prejuízos à população local e aos comerciantes. Só a regulamentação e a aplicação de Planos de Manejo podem resolver e reverter tais situações.
Hans Staden parece ter sido o primeiro a citar o nome "Ilha do Mel" em seus textos em meados do século XVI, indicando o local como sendo a Ilha da Farinha (farinha em alemão é mehl), pois os ocupantes plantavam mandioca para a obtenção da mesma. O nome permaneceu e em 1653 já aparece em uma das primeiras cartas náuticas da região, elaborado por João Teixeira Albbernas.
Mas, conversando com moradores da Ilha é possível se escutar várias versões para o nome Ilha do Mel. A começar pela própria exploração do mel silvestre feita pelo povo que primeiro ocupou a região. Os piratas a chamavam com esse nome para não chamar a atenção dos tesouros escondidos na Gruta das Encantadas. Até o final do século passado, a Ilha era conhecida como “Ilha da Baleia” em função do morro de mesmo nome, onde se encontra a fortaleza. Fala-se também em um cartógrafo chamado Henry Mehl que por aqui passou na época do descobrimento. Pode ser da cor caramelizada da água que escorre da mata para a praia. Ou que marinheiros aposentados que viviam na Ilha e dedicavam-se à apicultura, produzindo uma quantidade tamanha de mel que chegaram a exportar o produto até os anos 60. Antes da Segunda Guerra Mundial a ilha era conhecida coma a Ilha do Almirante Mehl que se dedicou à apicultura e cuja família lá frequentava.
A Ilha do Mel possui uma variedade de atrativos, que a colocam junto aos principais pontos turísticos do Paraná, com uma média de visitação anual de 120 mil pessoas.
Em seu pequeno território, a Ilha do Mel reúne diversas características do litoral paranaense destacando-se a paisagem, pouco alterada, com montanhas, planície, baías, ilhas e o mar. São encontradas 19 praias, sendo que algumas são isoladas e não possuem ocupação humana, trazendo a sensação de “lugar selvagem”.
Dos 8 morros presentes, alguns possuem caminhos de acesso ao seu cume, possibilitando ao visitante a observação de panoramas de extrema beleza. Duas grutas são encontradas na Ilha, uma no Morro das Encantadas e uma no morro da Baleia. A flora é diversificada e representativa de toda uma região.
O avistamento da fauna é frequente. Até o momento foram registradas 24 espécies de mamíferos terrestres, 153 espécies de aves, 20 espécies de répteis, 7 espécies de peixes de água doce e 6 espécies de anfíbios. Mamíferos marinhos, visitantes e residentes, são representados por 10 espécies, sendo que a observação mais frequente é a do Boto Cinza. O número de espécies de invertebrados, tanto marinhos como terrestres não é preciso, mas passa dos milhares. Até agora, 11 espécies levantadas são ameaçadas de extinção, não contando as tartarugas marinhas que usam a ilha somente como ponto de passagem.
Entre os atrativos culturais, é possível a observação do registro da presença dos habitantes da região antes do descobrimento, bem como as construções dos séculos XVIII e XIX. A Fortaleza Nossa Senhora dos Prazeres (1769) foi a única fortificação do século XVIII a entrar em combate no Brasil, através do episódio conhecido como “Batalha do Cormoram”. O Farol das Conchas (1872) foi erguido para sinalizar o Canal de Acesso Sueste para os navios acessarem o Porto de Paranaguá, exercendo essa função por quase 100 anos.
A cultura da Ilha é rica em lendas e histórias, como as das ninfas ou sereias na Gruta das Encantadas que atraiam os pescadores, e a do Padre-sem-cabeça que guarda um tesouro na Fortaleza. Atualmente a população da ilha é constituída por nativos, descendentes na sua maioria, da miscigenação entre o índio, o negro africano e o europeu. Os demais moradores vieram em função do turismo, principalmente a partir da década de 80. Atualmente, a população da Ilha do Mel varia de 800 a 1200 moradores, variando conforme a época.
A Ilha também é propícia à aventura, com boas condições para o surf, snorkling, escalada técnica e rappel, vôo Livre e paraglider, trekking e biking. A pesca esportiva pode ser praticada em seus costões e praias.
Atualmente, sua população está muito atrelada ao turismo, com poucos nativos proprietários de algum tipo de negócio do setor. Dados demonstram que mais de 80% dos comerciantes da Iha do mel são de fora, e que os investimentos são feitos exclusivamente pelo poder público.
Atualmente, a Ilha conta com uma infraestrutura rústica que se constitui em um hotel, diversas pousadas, restaurantes e campings, 2 postos de saúde, 2 postos de polícia.
A luz elétrica só chegou à Ilha em 1988 com a construção de uma usina termoelétrica movida a óleo díesel, localizada na Ponta do Casual. Para esse sistema havia um esquema de racionamento, onde a luz ficava disponível entre as 7h da manhã até as 2h da madrugada do outro dia. Hoje o fornecimento de energia elétrica é contínuo, graças à conexão com o continente por cabo submarino.
O deslocamento entre os lugares da ilha é basicamente por caminhos traçados entre a vegetação e pela praia, feito em sua maioria a pé, podendo ser percorrida, em alguns trechos, por bicicleta. Tome cuidado com as sinalizações de orientação, que precisam ser melhor posicionadas.
A última e única intervenção turística significativa na Ilha do Mel é de 1996, com as construções dos trapiches em Encantadas e Nova Brasília, a escadaria do Farol, a rampa de acesso e o mirante do Forte, a praça de alimentação em encantadas e a passarela de acesso à gruta. Algumas destas estruturas já foram reconstruídas e algumas necessitando de reparos.
O acesso à Ilha do Mel é feito por mar a partir de Pontal do Sul (R$ 45,00 por pessoa (ida e volta) - 25 a 30 min, dependendo do destino) ou Paranaguá (R$ 76,50 por pessoa (ida e volta) - 1:30h, dependendo do barco e da maré).
Ao embarcar, dê preferência ao serviço de transporte oferecido pelas embarcações dos associados e cooperados. A tripulação é bem preparada, os barcos são bem cuidados e com a manutenção em dia, e todos atendem os requisitos exigidos pela Capitania dos Portos de Paranaguá para a segurança dos passageiros. Para mais informações sobre a travessia para a Ilha do Mel ligue para ABALINE - (41) 3455 2616 e/ou COTRANAUTA (41)991 398094.
O desembarque ocorre em trapiches (que foram recentemente reconstruídos) nos povoados de Nova Brasília e Encantadas. Também se observa o desembarque na praia em alguns pontos.
Para melhor aproveitar a sua estada na Ilha do Mel, oferecemos as seguintes dicas: